Mercúrio no Corpo Humano: Por que Evitar a Exposição Ainda É Tão Importante?

Mercúrio no Corpo Humano: Por que Evitar a Exposição Ainda É Tão Importante?

O mercúrio é um metal pesado com reconhecido potencial tóxico. Embora seu uso em aplicações odontológicas, especialmente nas restaurações de amálgama tenha sido comum por décadas, a ciência moderna tem demonstrado preocupações crescentes sobre os efeitos sistêmicos do mercúrio no corpo humano.

Neste artigo, analisamos por que a exposição ao mercúrio, mesmo em pequenas quantidades, pode representar um risco silencioso e contínuo à saúde.


O que é mercúrio e como ele entra no organismo?

Na odontologia, o mercúrio metálico é usado em ligas conhecidas como amálgamas dentárias, geralmente compostas por 50% de mercúrio e 50% de prata, estanho, cobre e outros metais. Com o tempo, essas restaurações podem liberar vapores de mercúrio a forma mais volátil e facilmente absorvível do metal.

O mercúrio inalado é absorvido rapidamente pelos pulmões e entra na circulação sistêmica, podendo atravessar a barreira hematoencefálica e se acumular no cérebro, nos rins e em outros tecidos vitais.



Impactos do mercúrio no organismo


Sistema Nervoso Central e Cognição

O cérebro é um dos principais alvos da toxicidade do mercúrio. A exposição crônica está associada a:

  • Alterações de humor e irritabilidade;
  • Perda de memória de curto prazo;
  • Déficits de atenção e concentração;
  • Insônia e ansiedade;
  • Casos avançados: tremores e alterações motoras.

Um estudo publicado no Journal of Neurotoxicology (2006) demonstrou que mesmo exposições baixas, porém contínuas, ao mercúrio metálico podem gerar alterações neurocomportamentais em adultos.


Sistema Imunológico

O mercúrio é um agente imunotóxico. Ele pode:

  • Aumentar a produção de citocinas inflamatórias;
  • Alterar a resposta imune adaptativa;
  • Estar associado ao desenvolvimento de doenças autoimunes, como lúpus eritematoso e esclerose múltipla. (Shoenfeld et al., Autoimmunity Reviews, 2008)

Em pacientes predispostos, a exposição pode atuar como um “gatilho” imunológico silencioso.


Rins e Sistema Excretor

O mercúrio é nefrotóxico. Uma vez no organismo, ele tende a se acumular nos rins, afetando a função de filtração glomerular e podendo provocar:

  • Proteinúria (presença de proteínas na urina);
  • Lesão tubular renal;
  • Redução da taxa de filtração glomerular (TFG).

A exposição crônica pode agravar doenças renais pré-existentes, especialmente em idosos ou em indivíduos com comorbidades metabólicas.


Sistema Endócrino

O mercúrio interfere na função hormonal por sua capacidade de se ligar a grupos sulfidrila, inibindo enzimas e bloqueando receptores hormonais. Estudos sugerem que:

  • Pode prejudicar a função da tireoide;
  • Está relacionado a alterações menstruais e fertilidade;
  • Interfere nos eixos hormonais do estresse (eixo HPA).

Gravidez e Desenvolvimento Fetal

A exposição ao mercúrio durante a gestação é especialmente crítica, pois ele atravessa a placenta e pode afetar o desenvolvimento neurológico do feto. Efeitos relatados incluem:

  • Atrasos cognitivos;
  • Distúrbios de linguagem;
  • Menor coordenação motora.

Por esse motivo, entidades como a FDA e a OMS recomendam a evitação total de mercúrio em gestantes e lactantes.


Por que isso ainda importa?

Mesmo que o uso de mercúrio odontológico esteja em declínio, milhões de pessoas no mundo ainda possuem restaurações de amálgama. Com o tempo, essas restaurações podem se desgastar e liberar vapores de forma contínua e silenciosa, mantendo uma carga tóxica crônica e subclínica no organismo.

É por isso que a comunidade científica, especialmente na área da odontologia biológica, propõe uma reavaliação da exposição ao mercúrio tanto para pacientes quanto para os próprios profissionais de saúde.



Uma decisão de saúde sistêmica

Evitar ou substituir o mercúrio em procedimentos odontológicos não é uma questão apenas estética ou ambiental. Trata-se de reduzir a exposição a um metal comprovadamente tóxico, cujos efeitos acumulativos podem repercutir em diversas áreas do organismo, afetando a qualidade de vida de forma silenciosa, progressiva e muitas vezes irreversível.

Por isso, entre em contato com os especialistas da Clínica Debora Ayala e saiba mais.


Referências científicas consultadas:

Echeverria D, Aposhian HV, Woods JS, et al. Neurobehavioral effects from exposure to dental amalgam mercury: exaggerated sensitivity in a neurotoxicological population?
 https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/1678210/
 PubMed

Shoenfeld Y, Agmon-Levin N. ‘ASIA’ – autoimmune/inflammatory syndrome induced by adjuvants.
 https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S1568997208000081
 ScienceDirect

Guzzi G, Grandi M, Cattaneo C, et al. Dental amalgam and mercury levels in autopsy tissues: food for thought.
 https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/16685322/
 PubMed

Kobal AB, Horvat M, Drobne D, et al. Mercury-induced endocrine disruption in humans and animals.
 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4126471/
 National Institutes of Health (NIH)


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Tags :
clinica debora ayala,Mercúrio,metal pesado,odontologia,saúde bucal

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