Os Perigos de Não Tratar as Cáries: Um Olhar Sistêmico e Atualizado da Odontologia Biológica
As cáries dentárias continuam sendo uma das doenças crônicas mais prevalentes no mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 2,5 bilhões de pessoas convivem com cárie dentária não tratada. Ainda que muitas vezes percebida como um problema limitado à boca, a cárie representa um foco inflamatório e infeccioso com potencial de repercussão sistêmica especialmente quando negligenciada.
Cárie Não É Apenas Um Dano Estético
A formação da cárie ocorre a partir da desmineralização do esmalte dental, causada por ácidos produzidos pelas bactérias presentes na placa bacteriana. Com o tempo, a cárie evolui, atingindo camadas mais profundas do dente dentina e polpa provocando dor, infecção e, em casos extremos, necrose pulpar.
A progressão silenciosa é o que torna o quadro perigoso: mesmo sem sintomas evidentes, uma lesão ativa pode estar promovendo inflamação crônica local e disseminação bacteriana, especialmente em pacientes com baixa resposta imune.

Impactos Sistêmicos Comprovados
Estudos recentes reforçam que infecções bucais não tratadas, como as causadas por cáries profundas, estão associadas a diferentes manifestações sistêmicas. A seguir, alguns dos desdobramentos clínicos mais relevantes:
1. Doenças cardiovasculares
A literatura já demonstra que bactérias orais, como Porphyromonas gingivalis, podem atingir a corrente sanguínea e promover inflamação nos vasos, contribuindo para a aterosclerose. (Desvarieux et al., 2005, Circulation)
2. Descompensação do diabetes
Pacientes com diabetes tipo 2 têm maior propensão a desenvolver infecções orais e apresentam maior dificuldade em controlar os níveis glicêmicos quando há processos inflamatórios ativos na boca. (Mealey & Ocampo, 2007, Periodontology 2000)
3. Complicações gestacionais
Mulheres grávidas com doenças periodontais e infecções bucais têm maior risco de parto prematuro e recém-nascidos de baixo peso, com base na liberação sistêmica de mediadores inflamatórios. (Offenbacher et al., 1996, Journal of Periodontology)
4. Doenças neurodegenerativas
Pesquisas recentes indicam que infecções orais crônicas podem aumentar a produção de proteínas inflamatórias associadas a alterações neurocognitivas, como a proteína beta-amiloide, encontrada em pacientes com Alzheimer. (Dominy et al., 2019, Science Advances)

Abordagem Biológica: Da Prevenção ao Entendimento Sistêmico
A Odontologia Biológica Integrativa propõe uma mudança de paradigma: não tratar a cárie apenas como uma lesão dentária, mas como um sinal de desequilíbrio microbiano e funcional que deve ser compreendido em contexto. Isso implica:
- Atuar preventivamente com mudanças alimentares e avaliação do microbioma bucal
- Reduzir carga tóxica com materiais biocompatíveis
- Evitar sobretratamentos com intervenções minimamente invasivas
- Investigar o impacto da respiração, mastigação e hábitos posturais sobre o ciclo da cárie
Um Sintoma Que Pode Revelar Muito
Cáries ativas e não tratadas não são apenas lesões estruturais: são indicadores de inflamação crônica de baixo grau, que pode repercutir em múltiplos sistemas.
O olhar técnico e integrado do profissional de saúde bucal é essencial para reconhecer esses sinais precoces e atuar com base em ciência, e não apenas em protocolos restauradores.
Por isso, entre em contato com os especialistas da Clínica Debora Ayala, e saiba como tratar as cáries de maneira correta!
Referências científicas consultadas:
- World Health Organization. Oral health. https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/oral-healthWorld Health Organization (WHO)
- Mayo Clinic. Cavities and tooth decay – Symptoms and causes. https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/cavities/symptoms-causes/syc-20352892Mayo Clinic
- National Institute of Dental and Craniofacial Research. Tooth decay. https://www.nidcr.nih.gov/health-info/tooth-decayINPDC
- American Dental Association. Oral-Systemic Health. https://www.ada.org/resources/ada-library/oral-health-topics/oral-systemic-health
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